O Portal Grandamambo entrevistou “KV The Rapper”, um artista angolano da nova escola que pouco a pouco tem dado os seus passos para conseguir o seu espaço no Rap Game, confira as respostas.
GM: Para quem não conhece o “KV the Rapper” podes citar algumas das tuas principais produções, músicas e participações de referência ?
KV: No que toca a produções não tenho nenhuma referência, até porque a maioria dos beats que fiz não foram usados.Só para terem noção em 15 projectos a solo somente 3 músicas têm um instrumental meu. Pelo menos por enquanto.
No que toca ao processo de captação , masterização e mistura tenho a minha segunda mixtape “New Eminem” , a minha quarta mixtape “Young King” , e o meu 8º projecto a solo EP “Antes do Álbum vol.1”. Esses projectos foram avaliados positivamente por fãs e ouvintes do KV the Rapper em termos sonoros.
Músicas ? Eu não sei . Para quem não conhece o KV não saberia quais músicas referênciar. São muitas, então apenas diria “Vai para o Google.”
Participações tenho uma na Mixtape de DJ Ritchelly – #ARECOLHA 4 A MIXTAPE em 2017 na faixa Intro, Na compilação Novos “Artistas” de DJ Ritchelly de 2016. Dois projectos colaborativos com o Rapper AZM Intitulados “EP VERSOS” 1&2 (2017 & 2019), Dois projectos colaborativos com o Rapper GODZZAY intitulado “Angola is the Country” 1&2 ambos em 2018.
GM: Como, quando e porquê começaste a cantar, e a produzir ?
KV: Como e quando. Eu comecei a cantar em 2014. tinha uma música do meu primeiro grupo (Dope Gang) em que faltava alguém para cantar no Remix da faixa Celebrar de Shakila Abdul, e eu disse que poderia deixar uma estrofe porque eles queriam lançar a faixa com o videoclipe.
Gravamos no estúdio do Travis Coxe (Wezzy Baby) dos 600 niggaz. Ai começou o KV como rapper. Mas em anos anteriores já fazia freestyles no bairro e no colégio, inclusive algumas batalhas. (Todas ganhas)
Porquê, na altura já era um pedido de muita gente que me rodeava, diziam que eu tinha jeito para a coisa por causa dos meus freestyles. E também era uma altura em que o movimento New School estava a ganhar muita força então senti vontade de participar dando a minha arte como contributo.
GM: Quais são as tuas fontes de inspiração e a tua zona de conforto?
KV: Fontes de Inspiração.
Musicalmente : Gabriel o Pensador , KID MC, NGA , PHAY GRAND O POETA ,Yannick Afromen, Eminem , Jay Z, são muitos porque desde os meus 7 & 8 anos que ouço muito rap seja nacional ou internacional. Sou um consumidor de rap em grande escala.
A nível pessoal : É a minha vida e tudo aquilo que me rodeia. Porque da mesma forma que consigo ficar muito tempo desinspirado também consigo retirar inspiração “out of nowhere” de qualquer coisa a cada momento.
Zona de conforto é o Hip Hop. Em termos de cultura,estilo de vida e ideologias, em termos músicais eu sou capaz de mesclar o meu rap com R&B , Jazz, Blues, Trap, Rock , com qualquer estilo de música na qual for apreciador, mas sempre tiver como base o Rap me sentirei confortável.
GM: Estás nisso a quase 7 anos, já tens experiência e já sabes +\- o que resulta e o que não, qual é o conselho que deixas para quem está a começar agora?
KV: Aconselho a quem está a entrar agora no “Game” ser original, que entre com determinação e com ideais formados objectivos traçados, para que depois não sejam corrompidos por uma falsa definição de insucesso.
GM: A um velho ditado que diz que “devemos aprender com os erros dos outros” Quais foram os principais erros que cometeste no princípio?
KV: Se fores um rapper e te considerares muito bom, e tens uma visão mais comercial da música e queres retorno financeiro do tempo que investes em estúdio, não lances tantas músicas em curtos espaços de tempo como eu fiz, principalmente se for num momento em que consideres ser o teu pico de criatividade.
E vou dizer q eu tinha uma sede de work muito grande, gravava muitas músicas disponibilizava muitas músicas posso dizer que tenho 3 ou mais mixtapes com qualidades e trabalhadas como álbuns que poderia ter vendido e veria alguma coisa (cash).
Não cobrar por participações músicais, ou sessões no teu home studio.
Não ir atrás de meios mais convêncionais para a promoção da tua música.
Mas atenção, eu não considero erro para mim, porque eu não fiz pq quis e tenho uma outra visão da arte e da rentabilização da mesma. Mas pra quem estiver totalmente inclinado para o mainstream considero erro.
GM: És Rapper,compositor e produtor, qual é o segredo para conseguir dividir o tempo entre composição, gravação e produção?
KV: Acho que tem um bocado a ver com aquela famosa frase “Quem corre por gosto não se cansa”. E a maior parte das vezes no processo de um tem sempre o outro incluido, então fica mais fácil. Ex: Componho uma música, Gravo e produzo a mesma. A maior parte das minhas músicas foram criadas nesse processo. Nos últimos 2 anos é que mudei um bocadinho.
GM: Fazendo uma breve análise, como achas que o hip hop em Angola se encontra?
KV: O Hip Hop em Angola como cultura tem tentado voltar ao tempos bons, porque aqui predomina mais o RAP GAME, e a cultura hip hop fica um pouco atrás. Mas graças ao esforço de manos que não se limitam só em criticar na internet e põem a mão na massa a cultura tem se fortificado.
GM: O que que achas que está a faltar dentro do nosso mercado musical?
KV: Falta mais união entre os artistas, honestidade e seriedade nas produtoras, falta nós como artistas olhar para o que fazemos como trabalho, exigirmos mais respeito e valorização. Para o mercado faltam meios para a rentabilizar a tua arte.
GM: Qual é a tua opinião quanto aos Rapper conceituados que cantam em Beats da net?
KV: Se for para um álbum que o artista vai vender fisicamente, ou mesmo em plataformas digitais, condeno, porque o produtor não vai lucrar de forma alguma com o seu trabalho. Porque para esses fins se requere um trabalho mais original
Agora se for música sem fim lucrativo, eu acho normal. Eu próprio canto em vários beats do Youtube.
GM: Como é o “KV the Rapper” quando não está a cantar ou produzir?
KV: Quando não estou a cantar ou produzir sou apenas o “KV” uma figura emblemática (risos) amado por muitos, odiado por alguns pelo mesmo motivo que outros me amam. Uma pessoa simples, de fácil acesso, de personalidade forte, optimista, companheiro e que gosta de viver a cada dia como se fosse o último, com intensidade se possível.
Uma boa forma de conheceres o KV quando n está a cantar e a produzir é ouvires as músicas dele. Ele literalmente faz o livro da sua vida com as suas músicas.
GM: O que que podemos esperar do KV the Rapper este ano de 2020?
KV: 2020 tem sido um ano diferente, disponibilizei apenas uma música até então. Mas como estamos no meu Mês e eu não deixo mal. Podem esperar um projecto meu no meu aniversário (26.Nov) com beats do youtube (risos) e alguns originais.