Entrevista com Pithágoras Beat

Pithágoras Beat, popular BeatMaker entre os rappers da nova escola em Angola, deu uma entrevista textual ao Portal Grandamambo, confira as respostas!

GM: Para quem não conhece o Pithágoras podes citar algumas das tuas principais produções?

Pithágoras:

Plano B – Xuxu Bower (2019)
Estatuto – Abdiel, Álbum Pontas Soltas 3 (2018)
Não Sei – Mierques Feat Kelson Most Wanted (2018)
Dinamite – Young Splash feat Lil Mac (2018)
Pokemon -Lil Drizzy Feat R jota (2017)
MAMBA- (Nelo Boy, Okénio, Mierques, Joz)(2016)
Teu Nigga – Nilton CM (2015)
Não é Nada- TRX Music (2015)

GM: Como é que te tornaste BeatMaker?

PT: Desde pequeno ouvia muita música em casa a minha mãe, ouvia muita rádio, e cresci com tios Djs. Na altura eles gravavam músicas americanas nas cassetes para vender sucessos dos anos 2002/2003.

E cresci a ouvir muita rádio FM Sterio, LAC, inclusive os meus presentes na altura eu preferia que fossem rádios, Disc Man e tal.

Depois passei a percucionar, fazer batuques, com Latas e tal.

Foi em 2006 que vi o irmão mais velho de um amigo a criar batidas no computador, e ai disse pronto eu quero fazer isso.

Já tinha um computador em casa e pedi para ele me passar a instalação do Software, na altura era o Fruity Loops 4.

Comecei a fazer as minhas primeiras batidas e olha que em poucos dias já criava cenas audíveis.

E em 2010/2011 comecei a fazer Trap, 2013 comecei a produzir para alguns Rappers influentes no game e até os dias de hoje.

GM: Quais são as tuas maiores influências para a criação dos Beats e o que não pode faltar quando é um beat produzido pelo Pithágoras?

PT: Eu me inspiro em tudo que ouço dos filmes, eu sou viciado em filmes, e os sons dos filmes me tiram do sério.

Synphonia Orquestrais, Chilliut, Chillhop, E música Lofi gosto bastante.

Havia um tempo 2011/2012 que gostava muito do Lex Luguer, do Southside, e toda Equipa da 808 Mafia, me abriram a cabeça.

GM: Notamos que és muito bom no que fazes e que já consegues alcançar artistas conhecidos da nossa praça. É difícil fazer os Beats chegarem até os artistas conhecidos?

PT: Pra quem esta a começar agora é bastante difícil, porque todo artista grande vai sempre atrás de produtores grandes, produtores com um tempo de estrada e experiência.

Nunca achei difícil chegar a elite, basta tu mostrares o que vales a 1 deles, o resto fará questão de procurar pelos teus serviços.

GM: Como você vê o mercado angolano em termos de venda de Beats?

PT: O mercado melhorou muito, já esteve pior, ainda vai crescer, tem muitos artistas que já procuram produtos inéditos

Os artistas que assinam com uma gravadora ou label, são os que mais seguem as práticas de compra de beats originais.

GM: Você já consegue vender beats? Há quanto tempo?

PT: Sim. Vendo beats há uns 7/8 anos.

GM: E como tem sido a interacção com os artistas? Você envia o Beat e pronto?

PT: Mostro algumas demos, e eles escolhem, fazemos acordos depois o IBAN é só rir…

GM: Como funciona o processo de enviar um beat ao artista? Envias o beat em MP3 e esperas a música sair?

PT: Tudo por correspondência se tiver distante, todo processo até depois do pagamento é por correspondência.

Tem muitos casos de receber uma capela, um áudio como ideia geral, interacção de direcção vocal e tudo mais, aquele trabalho de casa do Produtor.

Eu em particular tenho esse privilégio de participar e dar opinião em todo processo.

GM: Sobre o teu processo criativo como funciona? E o que não pode faltar nos teus beats?

PT: No processo criativo eu começo sempre por uma melodia de Keyz ou de sons com Textura, só depois os Drums.

No TRAP os Drums são mais essenciais que as melodias Percussões e os Tuned 808

E como os instrumentais são para os artistas, os meus clientes, os Beats não devem só ser feitos para nós, mas devem ser feitos para o mundo ouvir.

Eu crio apenas 40s/1min como amostras e me dá tempo de criar vários, numa noite posso criar 5/10 amostras e economiza tempo de fechar um beat completo que chega no final mostras para uns 5 Artistas ninguém quer.

Assim tens a possiblidade de reconstruir a DEMO ou esquecer e pensar em outras batidas, São só DEMOS Rssr.

GM: O que não pode faltar nos teus Beats?

PT: Peso, Vida, impacto, energia, e principalmente muita criatividade.

GM: Que conselho deixas para aqueles que querem ser excelentes BeatMakers, ou para aqueles que querem começar agora no mundo dos beats?

PT: Um grande conselho, evita, evita, repito evita ouvir muita música dos outros, principalmente de fora, Estados Unidos, Canadá, França, Inglaterra.

Eu em particular não tenho músicas estrangeiras no meu computador, não colecciono música, mixtapes de rappers estrangeiros, isso tende o copiar e ser influenciando e muita das vezes bloqueia o lado criativo.

Ouça pouco, crie mais, e leia muito sobre música também. Dizem que a prática faz o Mestre, mas a leitura te deixa mais inteligente.

GM: Fazendo uma breve análise, como achas que o hip hop em Angola se encontra?

PT: Tirando isso dos Rappers colocarem mais musicas de se abraçar! O Game está bom, só desejo que os Rappers façam mais Rap, mais Trap, mais Boom Bap, coloquem mais música Rap nas ruas.

GM: O que podemos esperar este ano do Pithágoras Beat?

PT: Muita música nas Ruas, fiquei 2018/2019 sem música nas ruas por conta da minha dinâmica do dia-a-dia, mas esse ano será diferente, tem muita coisa em estúdio a vir, o pessoal vai gostar muito.

Conheça um pouco mais do trabalho do Pithágoras Beat acedendo o seu canal do Youtube: