Nesta entrevista, damos a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o Eric Rodrigues e a sua carreira musical. O talentoso membro dos Mobbers nos contou sobre a sua jornada na música, desde o início em 2010, quando tinha apenas 10 anos de idade, até a sua entrada nos Mobbers e a experiência de fazer parte desse grupo.

A entrevista foi dirigida pelo nosso editor Mário Fernandes, ou simplismente Mauzenen, que abordou uma variedade de tópicos interessantes com o Eric, na qual poderão acompanhar a partir do parágrafo que se segue:

PERGUNTA 1: Em que ano começaste a fazer Rap e como foi que entraste na cena?!

ERIC RODRIGUES: A primeira vez que eu gravei uma música, foi em 2010. Nesta altura tinha 10 anos de idade! E foi por influência de amigos de infância (Coroa Preta), um grupo de amigos que na qual faço parte até hoje. E também por influência do rap americano. Sempre foi o estilo de música que mais me identifiquei. Então decidi que era isso que queria fazer para a minha vida.

PERGUNTA 2: Como foi que começaste a fazer parte dos Mobbers e como tem sido a sua experiência até agora?

ERIC RODRIGUES: Antes dos Mobbers, eu já fazia música. Resumindo a história, eu ouvia muito as músicas do Xuxu Bower e da Máfia 5L, onde o Xuxu Bower, Altifridi e o Gi-O eram membros. E pedi uma participação ao Xuxu Bower na altura. Acabamos por fazer 2 músicas juntos. Eu devia ter uns 13 anos, se não estou em erro. E o Xuxu Bower curtiu da minha cena e mostrou aos outros membros da Máfia e surgiu um convite para eu fazer parte do grupo, apesar da minha pouca idade, já me destacava naquilo que fazia. Após a Máfia, surgiu o convite para fazer parte dos Mobbers, por intermédio do Xuxu Bower também.

Só quis adicionar que o meu avô também é compositor e cantor, fazia parte de um grupo chamado “GRITO DI POVO”. Já compôs várias músicas para cantores conceituados como a Lenda Cesária Évora, Bana, os Tubarões, etc. Então de certa forma já tinha música na veia. E fui a única pessoa na família que decidiu fazer música depois do meu avô. A experiência é positiva também. É um grupo cheio de bons artistas e acaba por ser uma troca de experiência com todos. Onde aprendemos muito uns com os outros. Ajuda na evolução de todos.

PERGUNTA 3: Qual é a mensagem ou estilo musical que particularmente tentas transmitir através das suas músicas individuas e no grupo?

ERIC RODRIGUES: Se repararem nas minhas músicas a solo, eu passo mais mensagens motivacionais, com intuito de mostrar as pessoas que apesar das dificuldades, tudo depende de nós, do nosso empenho, nosso esforço e dedicação. Seja em qualquer área da vida, não só na música. A minha zona de conforto é o rap agressivo, mas quem ouve as minhas músicas sabe que existe muito mais que isso.

PERGUNTA 4: Qual é a sensação de registar os 10 anos de Mobbers e como festejaste esses anos de existência do grupo?!

ERIC RODRIGUES: A sensação é de gratidão. São 10 anos de existência e 10 anos a ser relevantes no mercado musical angolano. Agradecer a Deus, pois apesar do tempo continuamos aqui de pé e consistentes. Por acaso não houve nenhuma forma específica para festejar, mas virão muitas surpresas este ano !!

PERGUNTA 5: Como você descreveria a tua evolução como artista desde que se juntou aos Mobbers?

ERIC RODRIGUES: A evolução é muito positiva, como me referi na outra resposta, estar no meio de bons cantores, ajuda muito na evolução. Pois aprendemos muito uns com os outros. Vou dar um exemplo claro, existem muitos bons jogadores que são vistos como promessas, mas por vezes por não estarem no clube certo, não chegam a atingir o seu verdadeiro potencial.

PERGUNTA 6: O que a música “Clean”, transmite e porquê escolheste essa faixa para abrir o teu ano musical?!

ERIC RODRIGUES: A faixa CLEAN transmite confiança, meio que um Ego Trip, onde pautei diversos fatos sobre a minha caminha no game. Que apesar de ter começado com pouca idade, nunca foi um obstáculo para me destacar e alcançar os meus objectivos. Escolhi a faixa Clean como meu primeiro lançamento de 2024, porque os meus ouvintes já tinham saudades de ouvir-me nesta vibe agressiva e com barras pesadas, que é a minha zona de conforto. E os meus últimos lançamentos foram músicas mais motivacionais. Então foi a escolha ideal na minha óptica.

PERGUNTA 7: Como lidas com os desafios de conciliar tua carreira musical com os estudos acadêmicos, considerando os comentários que alegam que os teus pais te exigem a terminar os estudos e só depois focar na música?

ERIC RODRIGUES: Sempre foi fácil conciliar a escola com a música. Na escola eu era um aluno de quadro de honra e a música nunca atrapalhou o meu desempenho na escola. Apesar de que a universidade afastou-me um bocado dos holofotes. Uma questão de prioridades na vida. E quanto aos comentários, as pessoas falam sobre o que não sabem e criam especulações da minha vida que nem sequer fazem sentido. Quem é meu fã de verdade sabe que uma das pessoa que mais me apoia a seguir o meu sonho é a minha mãe. E terminar a universidade foi uma escolha minha.

PERGUNTA 8: Quais são as tuas maiores influências musicais e como elas impactam a sua própria música?

ERIC RODRIGUES: A minha primeira grande influência musical foi o Drake. Gosto imenso de outros artistas também, se numerar não acabo hoje. Mas também procuro influência no que está perto de nós, sempre consumi muito a FS e o Deezy, que é um dos meus artistas favoritos. Mas não influencia na minha arte de forma direta, porque eu procurei sempre criar a minha própria identidade e musicalidade, até hoje continuo a explorar isso. Mas acaba por influência como motivação! Mesmo dentro do grupo eu tenho pessoas que motivam-me muito e puxam muito por mim. O Altifridi é o exemplo vivo.

PERGUNTA 9: Quais são os principais projetos ou colaborações em que você esteve envolvido?

ERIC RODRIGUES: Tirando os projetos do grupo e os meus trabalhos a solo que também são muito importante, eu já participei no álbum dos Zona 5 “LIBERTUZ”, na faixa “calças embaixo” com mais membros dos Mobbers, participei na música Wawera do Calijohn que tem um Feat também do Abdiel, estive envolvido em 1 música do último álbum do Cota Vui Vui e tenho uma participação também com membros do grupo em uma música do Hernâni da Silva. Entre muitas outras que ainda não posso revelar.

PERGUNTA 10: Como você descreveria o cenário musical e a cultura hip-hop em Angola no momento?

ERIC RODRIGUES: Hoje em dia sinto que existe mais união entre artistas no nosso mercado, mas ao mesmo tempo sinto uma desvalorização muito grande do que é nacional. As vezes vamos procurar fora o que nós temos cá !! Mas a música no geral em Angola tem evoluído muito, hoje em dia já vemos muitos artistas talentos a aparecer no nosso mercado, mas a situação actual do país não ajuda muito. Não só na música como em várias áreas. Um exemplo muito Simples, temos uma População numerosa, mas não temos muito acesso à internet, que é uma das ferramentas de trabalho dos artistas.

PERGUNTA 11: Beefs, sabendo que és um artista bom em diss track, sentes que de alguma forma estar envolvido nisso ajudou a te fortalecer e a procurar melhorar mais o teu potencial?!

ERIC RODRIGUES: Já ouvi muito sobre isso, que sou um artista bom em diss, mas não relevo muito isso, porque apesar disso, não gosto de me envolver em polémicas nem em beef’s. Mas tudo tem um motivo específico. Melhorei o meu potencial não por causa de beef’s, mas sim pelo meu comprometimento com a música e porque tenho objectivos na minha check-list que têm que ser cumpridos. Todo beef que me envolvi de certa forma, não foi começado por mim, estive a defender uma causa. Apesar de não gostar de beef’s não tolero faltas de respeito. E toda ação tem uma reação.

PERGUNTA 12: Quais são alguns dos principais desafios que você enfrentou ao longo da tua carreira e como os superou?

ERIC RODRIGUES: Na verdade não tive grandes obstáculos na minha carreira musical. Talvez ser subestimado por ter começado com pouca idade, mas nunca foi um problema, porque no fim sempre provei que a idade é apenas um fator e o mais importante é a mentalidade e o talento. É tudo um processo de evolução !

PERGUNTA 13: Como você acredita que a música pode ser uma ferramenta para promover a mudança social e conscientização em tua comunidade e país?

ERIC RODRIGUES: Nós os artistas de certa forma acabamos por ser uma influência para os nossos fãs, nossos ouvintes e para quem gosta de nós. Então temos que estar atento a mensagem que passamos para as pessoas que ouvem a nossa música. A música é realmente uma ferramenta muito forte, ainda mais se for feita com a alma. Então não há melhor coisa do que abrir a mente dessas mesmas pessoas que ouvem e acompanham o nosso trabalho. Recentemente fiz uma música com o producer “SkyBeats”, onde falo sobre a realidade do nosso país, o título da música é “Persistência”. Aconselho as pessoas a ouvirem essa música. E já recebi milhares de mensagens de pessoas que agradeceram-me por músicas que cantei, na qual elas identificaram-se com as situações e disseram que a música ajudou-os a passar por diversas dificuldades nas suas vidas pessoais. Nada mais graficamente que isso, saber que ajudei alguém direta ou indiretamente através da minha arte.

Assim terminamos mais uma entrevista, na qual tivemos o prazer de conhecer e fazer-vos conhecer melhor o Eric Rodrigues como artista e pessoa, a sua paixão pela música e a sua determinação em alcançar os seus objetivos na carreira musical. Importa referir que amanhã estará disponível o single “Clean”, do Eric.