Para começar, algumas fontes mostram evidências de que a modalidade desportiva é o próximo elemento do contexto Hip-Hop, junto de DJ’s, Rap, Beat Box, Mc, Break Dance e Grafitti, todos numa mistura de poesia, cultura, ritmo e criatividade.
Agora, quando você pensa em basquete, qual é a primeira coisa que te passa pela cabeça?
Para ti talvez sejam só os jogadores altos, negros e tatuados, para outros, celebridades na zona V.I.P usando grandes correntes, roupas caras e ostentando telemóveis de última geração.
Agora pense em um rapper!
Acredito que será uma imagem bem semelhante a anterior.
E repare que não é e nunca foi estranho relacionar as duas coisas, principalmente se pensarmos na formação da cultura que as une: o Hip-Hop.
O basquetebol surge nos Estados Unidos em meados de 1890, na altura a maioria das modalidades limitavam-se às classes mais altas.
E como forma de resistência, as classes marginalizadas (negros) passaram a praticar um tipo informal da modalidade, o streetball, que contava com jogadas mais acrobáticas que o original.
Além disso, os jogos eram dirigidos pelos mestres de cerimônia, os MCs, que agitavam a torcida com rimas e músicas de rap. Logo, a nova prática foi incorporada à cultura hip hop, servindo como ponte para a união entre o desporto e a música.
Com o decorrer do tempo e com a democratização da modalidade, o streetball, praticado maioritariamente por jovens negros e latinos em quadras de ruas, passou a ser o meio para estes jovens se tornarem rappers e jogadores profissionais.
O estilo rap se relaciona com o basquete no momento em que trata, na maioria das vezes, da realidade dos jovens, da sua identidade, de onde vêm, e pelas mesmas dificuldades que enfrentaram, tanto jogadores como rappers.
A carreira no basquete quanto a musical, mostram-se como meio de ascensão para estes jovens marginalizados, principalmente nos Estados Unidos, que têm nessas duas vertentes a maneira de serem reconhecidos pelo mundo.
É um facto que, dentro de um sistema meritocrático e segregador como ainda se mostra ser o solo Norte-americano, o rap e o basquete servem como meio de inclusão e ascensão social menos difíceis para estes jovens.
Mesmo sendo uma modalidade que preza mais pela habilidade, ainda assim,questões como sociais, econômicas, psicológicas e familiares contam muito.
A ligação cultural entre o basquete e a música rap mostra-se tão forte ao ponto de jogadores famosos da NBA quanto rappers populares têm inspirado-se uns nos outros e trabalhado juntos em prol das suas comunidades, seja na maneira de vestir, de se comportar ou ainda de protestar contra problemas estruturais e raciais.
Em 2004, após um caso de violência entre o Indiana Pacers e Detroit Pistons que se alastrou até aos adeptos. O então comissário da NBA criou um código de conduta para a liga, que cortava desde o comportamento dos jogadores até sua maneira de vestir, proibindo roupas e acessórios ligados à cultura do gueto, de maneira que nada ligado a “bandidagem” estivesse relacionado a NBA.
Com o passar do tempo, um fashion ícone da modalidade e ex-jogador, Allen Iverson, foi mostrando cada vez mais o seu lado do gueto para o público, então a Liga entendeu ser mais fácil incorporar a cultura das ruas ao basquete do que se afastar dela.
Por isso, hoje o estilo é um dos mais rentáveis para a NBA, tendo diversos rappers como estrelas de campanha das equipes e mostrando com orgulho esse estilo de vida.
Além disso, o Portal Grandamambo reparou que há jogadores como Damian Lillard, Iman Shumpert, Lonzo Ball, Kyrie Irving e o próprio Allen Iverson, que lançaram seus próprios singles e álbuns.
E como todos sabemos há casos até mesmo de rappers que tentaram a carreira no basquete antes da música, como é o caso do 2 Chainz, J. Cole e Master P.
O basquete e a música rap mostram que a cultura de rua Hip-Hop é capaz de transformar vidas, consegue reunir sonhos e expectativas daqueles que não têm muito, e com um pouco de sorte os fazem ascender e obter sucesso.
RAP x BASQUETEBOL – os irmãos que sempre andaram juntos.