Em uma entrevista conduzida pelo nosso colaborador Mauzenen, somos brindados com os relatos do talentoso Sidjay, um jovem artista em ascensão, que nos leva em uma visita pelos bastidores de sua entrada no mundo da música. O rapper partilha connosco não apenas sua transição delicada das acaloradas músicas de confronto para as melodias de amor, mas também sua experiência enriquecedora como membro dos renomados Flava Sava.

Nascido e criado no Rocha Pinto, em Luanda, Sidjay, também conhecido no registo civil como Sidoni Monteiro, revela seus segredos musicais mais profundos, suas músicas favoritas que tocam em seu coração e sua visão para o futuro, repleta de projectos que prometem encantar e inspirar. Sua carreira é impulsionada pela busca incessante pelo reconhecimento, não apenas dos críticos e dos fãs, mas principalmente pela conexão íntima e duradoura com aqueles tocados por sua música. Confira abaixo a conversa que Mauzenen manteve com o rapper:

PERGUNTA 1: Como foi que o Sidjay entrou no mundo musical? Já tiveste quantos apelidos hahaha?

SIDJAY: Comecei a cantar por influência dos meus familiares que sempre foram muito musicais. Meus pais ouviam música o dia todo e os meus irmãos mais velhos idem. Chegou uma altura em que o meu irmão também começou a pensar em cantar e até chegou a se agrupar a um amigo, formando uma dupla. Mas, não seguiram o projecto, anos depois, pela proximidade com a música e pela influência de amigos e colegas de escola comecei a cantar também. Não tive muitos A.K.A.s, sai de Sid Monteiro para Sid MC e finalmente para Sidjay

PERGUNTA 2: Como foi a transição de fazer músicas de beefs para focar em músicas de amor?

SIDJAY: Quem realmente me ouve desde o começo, sabe que apesar de fazer parte de um grupo que já esteve envolvido em beef, não era isso que nos definia. E eu particularmente nunca fui um artista de batalha e nem me envolvia na maior parte de beefs. Fi-ló apenas uma vez em defesa dos meus niggaz e do nome do meu grupo. Sempre cantei o amor, a sociedade, o dia-a-dia, muito por conta das minhas maiores referências que são artista de semba, MPB, soul e de hip hop que exploram essas linhas textuais.

PERGUNTA 3: Como surgiu os beefs com os Mobbers e a TRX?

SIDJAY: Como a maior parte dos beefs da newschool, surgiram dos disse que disse e de algumas questões pessoais que se forma transportando para as músicas. Hoje, com mais maturidade, acho que não voltavam a acontecer. Mas isso é rap e nenhum rapper leva desaforo para casa. A linguagem das ruas exala competição.

PERGUNTA 4: Como descreves o tempo de fortes beefs com os Mobbers e a TRX?

SIDJAY: Foi uma época muito intensa, as atenções do público voltaram-se para a newschool, o exercício lírico foi colocado em vigor, rappers evoluíram, grupos assinaram contratos, fizemos tournée pelo país, teve o seu papel o na solidificação do movimento de hip hop jovem. Claro que também teve o seu lado não tão abonatório, como alguns laços que se quebraram e por aí, mas é como tudo.

PERGUNTA 5: A música fim de semana representa alguma realidade vivida pelo Sidjay?

SIDJAY: Representa sim. Na verdade, acho que representa a de todos, todo mundo em uma determinada fase da vida tem uma saudade não colmatada e tenta afogar em outras cenas.

PERGUNTA 6: Qual mensagem ou história você quer transmitir aos seus ouvintes com essa música?

SIDJAY: “Fim de semana” não é apenas uma canção de amor, mas o reflexo do ser humano falho e imaturo, reconhecendo o resultado das suas acções. É um grito rítmico de saudade de quem se vê condenado a uma solidão que resiste a todas as companhias, excepto a da pessoa amada. Um assassinato ao orgulho que separa quem se ama.

PERGUNTA 7: Houve alguma colaboração especial ou influência de outros artistas na criação dessa música?

SIDJAY: Trabalhei com o Sipoda que ficou com a parte da edição. O Celestino, um jovem talentoso, produziu o instrumental, o SKY Beats esteve no processo também. A mistura foi feita pelo Adilson Mondlaine, DJ Ritchelly e Júnior ficaram com o vizualizer. Enquanto eu e o Onni Visual, tratamos do vídeo oficial com o suporte da Wolf Gang todos, a bambu e a Spot digital. O vídeo é áudio estão disponíveis em todas as plataformas.

PERGUNTA 8: Dos artistas que antes faziam parte dos grupos com os quais você teve beef, quais tens interagido actualmente?

SIDJAY: Eu não tenho problemas com absolutamente nenhum rapper e tenho relações saudáveis com quase todos que se cruzam comigo, não sou amigo próximo de nenhum que eu saiba, mas lido de boa com muitos e até tenho projectos com alguns. Essa cena dos beefs daquele tempo está ultrapassado.

PERGUNTA 9: Como é ser um membro dos Flava Sava?

SIDJAY: Ser flava é um sentimento. É muito sobre ser real, sem filtros e se permitir a viver, seja errando ou acertando, até encontrar o seu próprio caminho. Representamos os lugares de onde viemos e desenhos a nossa arte de forma heterogénea sem perder a beleza.

PERGUNTA 10: O Vander, o Sergio Figura e outros membros dos Flava Sava não têm tentado te atrair para fazer música de Punchlines (Risos)?

SIDJAY: Não bró, meus amigos são fãs do que faço hoje e eu sou fã deles no formato em que se apresentam. Sugerimos algumas coisas uns aos outros, mas não interferimos na arte de ninguém. Só love e support mano.

PERGUNTA 11: Quais são as tuas músicas de amor favoritas que já lançaste?

SIDJAY: Anéis de Saturno, Lobo e a nova, fim de semana têm uma energia única. Mas isso só porque não dá para falar do que ainda não saiu (Risos).

PERGUNTA 12: Sentes que pela tua arte, no mercado angolano, já recebeste o reconhecimento que mereces?

SIDJAY: Acho que a luta do mensageiro não pode ser pelo reconhecimento, mas pelo facto da mensagem chegar ao destino. Sendo assim, sinto que ainda tenho muito por correr para entregar a mensagem a mais pessoas e o reconhecimento vem nas calmas, para tudo aquilo que projecto ainda nem estou a 10%. Vou correr, e haverá resultados, sem esforçar o guião.

PERGUNTA 13: Consideras que os beefs com a TRX e os Mobbers estão definitivamente resolvidos?

SIDJAY: Sim, nem é assunto

PERGUNTA 14: Sentes saudades de fazer Diss Tracks?

SIDJAY: Não necessariamente. Tenho mais satisfação em fazer músicas que façam as pessoas celebraram o amor, a vida e a reflectirem sobre questões do dia-a-dia, estou apaixonado em contar histórias. Mas eu sou das ruas, hahahaha, é só não se meterem comigo.

PERGUNTA 15: Acreditas que o teu estilo de love songs é único na cena da Nova Escola?

SIDJAY: Acredito sim. É algo que me proponho sempre que componho, canto ou co-produzo. A não ser igual, a me renovar e a mostrar um olhar diferente sobre as coisas. Há compositores excelentes no nosso mercado, mas ninguém compõe como eu.

PERGUNTA 16: Quais projectos futuros o Sidjay está a planear lançar?

SIDJAY: Esse ano vem uma cena nova, não vou me adiantar muito, mas vai ser dope.

PERGUNTA 17: Qual das tuas músicas consideras como a mais pessoal e emocional para ti?

SIDJAY: Cobras, com Toze Gonçalves e Sérgio Figura.

PERGUNTA 18: Pensas em lançar um álbum?

SIDJAY: Claro, álbuns mano, muitos, conceituais e diferenciados, com o objectivo de é grande a cena

PERGUNTA 19: O que tens achado do trabalho feito por artistas da Nova Geração?

SIDJAY: Nova geração, a que vem depois de mim? Tem muito talento e se movimentou, o que é muito bom, temos só orientá-los a conseguirem concretizar de forma mais acertava o que pretendem. Mas isso de certeza que acontecerá no futuro.

PERGUNTA 20: Entre os artistas da New School que fazem R&B desde a época em que começasse a tua carreira no game com os Flava, como formas o teu top 5?

SIDJAY: Claro que venho em primeiro, depois, tenho de dar as flores ao Emana Cheezy por sua consistência, o Crazy Boy é fera, Samuel clássico é dope também, e havia um mano que já não canta, o Aldo F que tinha abordagens muito únicas. MAC (o único projecto com3 cantores fazendo essencialmente R&B) é dos meus favoritos também.

PERGUNTA 21: Quais são os outros artistas com quem você sonha em colaborar?

SIDJAY: Mano, eu almejo muito em fazer uma música com Paulo flores e sei que um dia farei. O kota é para mim, o maior artista angolano vivo. Todo amor e respeito ao mestre.

PERGUNTA 22: Quais foram os momentos mais marcantes da sua carreira até agora?

SIDJAY: O Lançamento da música “Coração Boémio”, foi muito marcante. Porque me ajudou a sair de uma depressão em que entrei algum tempo após a morte da minha mãe. Tinha muito pouca força para acreditar, mas ainda assim e contra muitas coisas acontecendo lancei o som, que como efeito bola de neve se tornou grande, ressuscitando a minha energia para fazer arte e ajudar pessoas que como eu estaria num buraco negro.

  • A vitória do AMA de melhor R&B em 2021
  • Ter feito parte de álbuns de artista que cresci ouvindo (coisas a caminho não posso revelar tudo)

PERGUNTA 23: O que você espera alcançar no futuro com sua música?

SIDJAY: A música já me fez grande, porque posso através dela ser um instrumento de Deus para tocar corações, mas ainda sonho em ser maior e levar a minha arte para todos os cantos do mundo, alegrando ou acalmando corações. Fazendo pessoa como eu acreditarem em si e em dias melhores.

PERGUNTA 24: Como defines o teu processo criativo na hora de compor músicas de amor?

SIDJAY: Nada complicado. Normalmente os instrumentais já me passam uma energia que eu só materializo. E vou compondo mesmo na hora. Posteriormente vou lapidando e construo a música. Mas preciso sentir cada letra, cada melodia.

PERGUNTA 25: Quais são as principais dificuldades que você enfrentou em sua carreira até agora?

SIDJAY: Começar é sempre o mais difícil, mas Deus me guia e a qualidade que ele me deu criou oportunidades que tenho sabido aproveitar. As noites não dormidas, as horas intensas de estúdio, os destratos, desanimam, mas não me deixaram no chão.

PERGUNTA 26: De onde veio a inspiração para escrever a música lama?

SIDJAY: Da minha zona, na música retrato a realidade do pessoal de lá e de todas as periferias do mundo, saindo para correr pelos seus sonhos e entrando as lutas diárias confiando em Deus. Eu vim literalmente da lama e o meu limite nenhum humano pode impor.

PERGUNTAR 27: Você tem algum conselho para jovens artistas que estão começando suas carreiras agora?

SIDJAY: Façam arte apesar de tudo. Tentem ser os melhores sempre e não tenham pressa de fama ou sucesso. Se forem bons e esforçados, o vosso dia chega.

Com uma carreira que abrange desde a influência familiar até a transição para músicas de amor, Sidjay revelou orgulhosamente seu estilo único de love songs. Agora, olhando para o futuro, ele partilhou seus projectos repletos de promessa, cada um destinado a tocar corações e inspirar almas em todo o mundo. Sua carreira, repleta de momentos marcantes, é apenas o começo de uma viagem que visa levar sua música a todos os cantos do mundo, iluminando cada canto com sua arte e paixão.