O Portal GRANDAMAMBO entrevistou o Melvin Oliveira, um rapper que está a vir com força para conquistar seu espaço no mercado, confira a entrevista.
1. Quem é Melvin Oliveira?
Melvin Oliveira é um artista multifacetado, nascido em Luanda-Angola, mais ativo na vertente Rap/Hip-Hop e R&B/Soul que se enquadra em qualquer estilo de música, basta ouvir o instrumental que o flow automaticamente é criado na mente.
Angolano residente na Alemanha, já vivi também nos Estados Unidos, também sou conhecido por Príncipe M, Oliveira, Oliver Tsubasa e Mel das abelhas.
O nome artístico surgiu da junção do meu primeiro e do último nome de registro, o nome não está associado apenas a música, desse jeito quando falarem do nome ‘Melvin Oliveira’ não engloba apenas música, mas tudo relativo a mim de um modo único porque é o meu nome verdadeiro e fica mais fácil proliferar o nome e decifrar quem eu sou.
2. Para quem não te conhece ainda, podes citar algumas das tuas principais músicas e participações de referência?
Umas das minhas principais músicas são:
Se Eu Pudesse Te Dizer, Acapela, Limitada, Warm Up 2, No Cap, On The Low (Ft. D.G), Sentimento (Ft. Slim Boy).
As participações de referência que tenho é a do Slim Boy, também conhecido como Super Slim. E a do Kelson Most Wanted ou simplesmente Most Wanted.
Sentimento (Ft. Slim Boy)
3. Como, quando e porquê começaste a cantar e te interessaste pelo Rap / música?
Eu comecei a cantar por intermédio/incentivo de 2 amigos meus que também são artistas musicais, no início de 2014 depois de voltar dos Estado Unidos, onde estive lá a estudar.
Eles chamam-se Weezy M (Marcio Mauro) e Bigger Gunz (Stelvio Silva).
O Weezy M (Marcio Mauro) foi me me apresentado pelo meu amigo Ariclenio Amaral uma semana depois de eu voltar pra Angola, o Ariclenio já sabia que eu tinha um interesse em fazer música. Quando o Weezy M me foi apresentado ele logo disse que já me conhecia e que na boa e sem pagar eu poderia gravar no home studio dele.
Uma semana depois dei-lhe um toque por chamada de voz e o meu primeiro som foi gravado com a participação dele. Muito fraco (kkkkkk) que até apaguei depois de um tempo do SoundCloud, eu ainda não tinha a experiência que tenho hoje (Melhorei muito).
Mas como se sabe ‘O tempo é o melhor amigo’. Daí em diante ele começou a fazer as captações, as misturas e as masterizações dos meus sons e a participar em alguns deles, até ao dia que ele ensinou-me a produzir no programa de captação ‘GarageBand’ do MacBook da Apple e disse-me que depois de um tempo eu passaria a gravar sozinho em minha casa pra ganhar experiência.
Montei então também o meu home studioa, a maioria dos primeiros itens foram comprados por mim na Sistec do Maculusso, fui acompanhado do Weezy M para me ajudar com as melhores escolhas dos itens de studio.
O Bigger Gunz conheci por intermédio da minha irmã mais nova e conheçamos a ‘hangout’ mas nunca gravamos nenhum som juntos.
Eu rimava sempre mentalmente do nada, por exemplo estou a dormir e de repente no sono vinha-me uma rima na cabeça (Era algo constante), daí eu decidi que tenho que começar a escrever no bloco de notas do telefone, no caderno e gravar o que escrevia.
4. Fale-nos do processo criativo, composição e gravação??
O meu processo criativo normalmente é orgânico e baseado em apanhados. Surge-me uma rima na mente e escrevo no bloco de notas do telefone até formar vários versos e ver que versos se enquadram a que tema ou gênero musical e depois gravar. Quando estou com o programa de captação e o microfone ligado, gravo de primeira para não perder/esquecer o flow.
As minhas composições normalmente são pra vertente Rap/Hip-Hop e R&B/Soul.
A caneta é pesada e criativa não importa o estilo, basta ir checar o meu SoundCloud.
As gravações são feitas em casa num quarto equipado com itens profissionais musicais em que investi muito cash pra ter a melhor qualidade possível.
Agora eu próprio produzo as minhas músicas depois de ter bebido dos ensinamentos do meu mano Weezy M (Márcio Mauro).
Mas há probabilidades de um produtor e meu mano que está a se tornar destaque em sons de muitos artistas em Angola por causa dos seus beats, chamado ‘SkyBeats On The Track’ de começar a misturar e a masterizar algumas das minhas músicas. Ele encarregou-se deliberadamente de fazer isso.
5. Fazendo uma breve análise, como achas que o hip hop em Angola se encontra?
O Hip-Hop em Angola está escaldante. Apesar de haver muitos Rappers mentirosos no game e que nas músicas não se entende nada do que cantam.
A nova escola, a nova geração está a vir com garra longe de ser a marca de cerveja ‘Tigra’
Flows, métricas, sonâncias diferenciadas, estão a vir com fome e de forma independente (Sem label), só mesmo a gravarem em casa e depois postarem pra redes sociais e plataformas digitais.
“Sem desprimor a nenhum OG, MAS estamos melhores e a sacudir muitos OG’s.”
6. O que que achas que está a faltar dentro do mercado musical em Angola?
No meu ponto de vista o que está a faltar mesmo é mercado musical, nós em Angola não temos mercado musical. Temos apenas umas poucas produtoras musicais ou agências de carreira.
Precisa-se de uma verdadeira máquina por trás que alberga toda música feita em Angola, mesmo o nepotismo até no ramo da música em Angola se faz sentir. Em produtoras musicais ou agências de carreira nota-se isso.
Os selecionados, contratados, agenciados para fazer parte de certas produtoras de destaque a maioria das vezes são pessoas já renomadas.
Por outro lado a união entre os artistas musicais em Angola. Há mais ódio, soberba e arrogância do que amor entre os artistas.
Os fãs, apoiantes só começam a te apoiar quando estás a pipocar ou a ter tendência de pipocar no ramo musical.
7. Os produtores musicais são extremamente importantes para se obter uma trabalho com qualidade, quais são os Produtores nacionais e internacionais que mais admiras?
São e muito. Eles não só produzem o instrumental, mas te dão diretrizes e dicas quando estás no processo de gravação e muito mais coisas como a mistura e masterização da música. Não é só o dinheiro que importa nesse caso, mas sim a música ser bem feita.
Produtores nacionais:
Sky Beats On The Track
Beats Leudis
NinetyTwo
BoominOnTheTrack
Produtores internacionais:
Metro Boomin
Hit-Boy
Rascal
Boi1da
Gabriel Lucchini & Palma
WillsBife
DOPAM!NE
8. Há um velho ditado que diz que “devemos aprender com os erros dos outros” Quais foram os principais erros que cometeste no início da tua carreira?
Os principais erros que cometi no início da minha carreira foram:
- Não publicitar muito o meu trabalho (Em blogs, anúncios, grupos privados)
- Não investir financeiramente na carreira musical
- Lançar músicas sem avisar
- Enviar o meu trabalho pra certas pessoas antes de disponibilizar oficialmente.
- Ficar uma boa temporada sem lançar nada
- Não criar links com determinadas pessoas que já alcançaram um certo status no mundo da música.
9. Qual é o principal conselho que deixas para quem está a começar agora nesse hustle da música?
Comece com ou sem apoio. Não permita que comentários negativos te abalem. Crie links com determinadas pessoas que já alcançaram um certo estatuto no mundo da música pra te darem uma garra.
Crie uma base de fãs sólida. Seja criativo. Se tens possibilidades, invista financeiramente na tua carreira musical.
Essa cena não é um mar de rosas, haverá decepções, mas não desistas se realmente é um dos teus focos.
10. Estudas? Trabalhas? Como é que consegues conciliar a carreira musical com as demais actividades?
Trabalho. Não é tão difícil conciliar porque trabalho das 07:30 até às 16:30
Às 17:15 já estou em casa caso não desvie a rota pra casa. A partir de sexta-feira, até ao domingo é que aproveito mesmo o máximo pra gravar músicas porque tenho tempo livre e também quando tenho férias no serviço.
Caso não vá visitar outras cidades em determinadas circunstâncias também, porque os equipamentos musicais ficam sempre em casa.
11. Te consideras um dos melhores no que fazes? Por quê?
Sim, eu me considero um dos melhores no que faço. O jogo em Angola anda competitivo claro, mas eu analiso o que eu componho e vejo e sinto que estou acima de muitos que fazem parte dessa competição, apenas basta eu ganhar mais espaço, visibilidade que isso será notório. E um pouquinho de sorte mesmo não sendo o tipo de pessoa que depende da sorte.
Por isso eu me mantenho consistente longe de ser massa.
12. Qual é o teu auge a atingir como artista/rapper?
Como artista/rapper eu pretendo tocar uma legião de almas, corações com o que componho.
Atingir reconhecimento, status e ser lembrado quando for, não quero ser o tipo de pessoa que vive só por viver, o objetivo é deixar a minha marca no mundo. Fazer dinheiro com a minha voz e me manter discreto.
Continuar a compor até não der mais, continuar a disponibilizar diversos conteúdos e manter entretidos as pessoas que consomem o meu trabalho por vários anos sem os aborrecer.
13. Quem é o Melvin quando não está a fazer música?
O Melvin é o gajo que é visto como o cabeludo maluco por muitos e muitas e que no Facebook e no estado do WhatsApp posta muita baboseira, faz rir muita gente. É bem humorado apesar de dizerem que tenha cara de betinho, patricinho e armado kkkkk.
O Melvin é um amante de compras em lojas de vestuários e calçados, amante de restaurantes, futebol e videojogos de PlayStation e Xbox.
14. O que que podemos esperar do Melvin Oliveira este ano de 2021?
Para este ano do Melvin podem esperar muitas faixas musicais soltas, com e sem participações na vertente Rap/Hip-Hop e R&B/Soul.
Mas ainda tenho em mente um projeto colaborativo com o meu mano D.G II, com um máximo de 15 ou 16 faixas musicais, mas ainda não sabemos pra quando.
Saiba mais sobre o trabalho do Melvin Oliveira acedendo o link abaixo: