Em mais uma entrevista conduzida pelo Mauzenen, o GRANDAMAMBO teve a oportunidade de entrevistar Damani Van Dunem, nascido em Luanda, Angola, a 25 de Julho de 1980, a carreira musical de Damani teve início em Moçambique e se expandiu por Angola e Portugal.
Anos depois de aprimorar a sua escrita em 2000 teve o primeiro concerto, no emblemático “Tchova”, ao lado de artistas moçambicanos de referência como Duas Caras, Kloro, entre outros. Com uma trajectória marcada por grandes trabalhos e colaborações, o artista partilhou connosco um pouco da sua história e planos futuros. CONFIRA:
PERGUNTA 1: Quando foi que deste início a tua carreira musical e quando começaste a te sentir notado??
DAMANI: Conto a partir de 2000, que foi quando tive a minha primeira actuação ao vivo. Em Maputo, no Txova, um equivalente ao Elinga cá em Luanda. Depois dessa actuação percebi que tinha impactado as pessoas. Passei a ser convidado regularmente e para fechar o evento nesse espaço. Era eu e a minha dupla, Ébano, que na altura chama-se Xcal.
PERGUNTA 2: Qual é a ligação que tens com Angola e Moz e qual é a tua percentagem de apreciadores entre estes dois países do nosso continente??
DAMANI: Eu sou um angolano que foi viver para Maputo entre os 13 e 21 anos. Foi lá aonde comecei a fazer Rap e tenho alguns dos meus amigos mais chegados. É a minha segunda casa. Muitas vezes acho que sou bem mais apreciado lá. Pelo menos é algo que os moçambicanos me dizem sempre. Mas diria que 50-50.
PERGUNTA 3: Actualmente, quais são os artistas que fazem parte da tua produtora e qual é o objectivo principal que tens com ela??
DAMANI: A swahililândia começou como Swahili, que é hoje a marca de roupa, há 20 anos. Eu e o Ahzazel. Hoje, temos no plantel mais o Verbal Uzula, Isis Hembe e o Elzo Sénior. A ideia de adicionar activos foi de não deixar o nome morrer quando eu deixasse de fazer música, eventualmente. Adicionar activos e produzir roupa. Em chapéus já estamos na 4ª coleção. Tshirts, 3ª colecção. Estamos a pensar em mais acessórios. Para o aniversário dos 20 anos vamos editar o Swahillândia, acto 2 e teremos acessórios comemorativos. Temos fatos de treino, hoobies, casacos corta-vento.
PERGUNTA 4: O que tens em carteira para este ano? O que o Damani tem preparado para o público consumidor dos seus trabalhos??
DAMANI: A solo tenho um álbum com o produtor moçambicano Sigvh. Conhecido por produzir o Kloro, Hernâni, Gpro, etc. será o primeiro avanço que culminará com o Mapa Cor de Rosa – álbum que para além de nós os 2 inclui também o Kloro e o Elzo Sénior.
PERGUNTA 5: Quais são as possíveis colaborações que a obra terá??
DAMANI: Surpresa ainda. Mas é um álbum como o BluRaySeason. Curto e directo. Eu, eu e eu.
PERGUNTA 6: Qual é a origem do nome Swahililândia e normalmente qual processo têm feito para adicionar novos artistas??
DAMANI: Terra dos Swahili. Sendo eles um grupo étnico da costa oriental e centro de África. A ideia de nos associarmos ao nome tem a ver com a palavra que é a parte mais importante no Rap e o Kiswahili ser a língua mais falada em África. O processo tem em primeira instância a ver com talento. Eu recrutei todo o mundo e a base foi sempre essa. Depois foi ver se agregariam algo e se eu deixasse o Rap estaria a deixar a produtora em boas mãos.
PERGUNTA 7: Quais foram as tuas maiores influências no Rap e como te sentes por saber que agora também influencias vários Fazedores do estilo??
DAMANI: O Rap da costa oeste americana foi o que definiu tudo para mim. Chronic, Doggy Style, Dogg Food, para nomear alguns. É bom. Claro que com mais exposição traria um equilíbrio maior no que diz respeito à qualidade do Rap cá mas estamos a caminhar com pés seguros.
PERGUNTA 8: Como vês o movimento actual e como tens visto a expansão do Trap no nosso mercado??
DAMANI: Estas últimas gerações têm estado a dar muita carga. Agrada-me bastante o rumo que os mais novos deram. Assumiram a responsabilidade e hoje em dia a tocha está com eles, como é suposto ser. Parece-me que o trap veio e ficou. Tenho ouvido coisas de que gosto bastante. Fusões, coisas boas.
PERGUNTA 9: Entre os teus trabalhos musicais, qual achas que mais caiu na graça do público??
DAMANI: De maneira geral – Statu Quo, BluRaySeason, Blu-Ray: Quid Pro Quo, Swahililândia, acto 1 e Muzumbo. Não sei qual destes foi o melhor recebido porque quando me abordam falam-me muito destes todos.
PERGUNTA 10: Olhando a um retracto do Damani do ano 2000, após 24 anos, como descreves a tua evolução??
DAMANI: Foi tentar explicar de maneira simplificada. Imagina um tipo de 170 cm e 220 kg que se tornou no mais atlético veterano de 69 kg. Fibra e músculo.
PERGUNTA 11: Como foi criado o Okwami e o levou a essa união musical??
DAMANI: O gosto musical e as cervejas deram o start ao que se tornou mais tarde Okwami. Eram sessões de produção entre o Kennedy, o Verbal e o Leonardo que evoluíram para gravações de álbuns no mesmo espaço, ao mesmo tempo e o 6.7.19 – nosso álbum. Tudo super orgânico.
PERGUNTA 12: Qual é a tua avaliação sobre o nosso mercado musical??
DAMANI: Mercado? Propriamente dito não existe. É informal e cheio de micheiros. Desorganização, estamos muito atrasados ainda.
PERGUNTA 13: Alguma colaboração em especial nacional que nunca fizeste e pretendes realizar??
DAMANI: Sim e estou a fazê-la como produtor executivo principalmente. Ainda não posso dizer quem mas vocês serão os primeiros a saber. Artista enorme.
PERGUNTA 14: Muitos artistas defendem que é um erro se associar há uma produtora, como CEO de uma, o que tens para comentar sobre afirmações relacionadas??
DAMANI: Cada um com a sua experiência. Não acredito que os artistas que trabalhem na Swahililandia têm essa percepção. Eu cumpro o que prometo e deixo o pessoal livre para fazer as suas próprias coisas. O Isis é artista da produtora mas trabalha com outros artistas e nunca sequer cobrámos. Ainda… E não me chamaria CEO. Produtor executivo.
PERGUNTA 15: Quais conselhos tens a dar aos artistas e as produtoras para terem uma aliança saudável??
DAMANI: Sejam abertos e honestos desde o início. Digam o que podem e querem fazer. O espertinho costuma comer uma vez só.
PERGUNTA 16: Chegamos ao fim da nossa entrevista, esperamos tê-lo mais vezes para fazer declarações ao GM, quais são as tuas considerações finais e qual recado tens a deixar aos teus fãs??
DAMANI: Apoiem realmente os artistas que dizem gostar, com compras, sugestões e criticismo construtivo. A cultura faz-se com todos contribuindo da sua forma. Amor sempre.
Damani Van Dunem é um exemplo de determinação e talento no cenário musical africano. Com influências dos grandes nomes do Rap da costa oeste americana, ele conquistou o seu público e influencia as novas gerações. Com projetos futuros promissores e a sua produtora Swahililândia em ascensão, Damani continua a marcar presença no cenário musical com a sua arte. O GRANDAMAMBO agradece pela oportunidade de conversar com um artista tão talentoso e inspirador.